LusoGalaico Extreme 190km



No passado dia 21 e 22 de Abril decorreu mais uma edição do LusoGalaico com várias vertentes para todos os gostos. No dia 22, com uma versão 35km e outra de 75km, e em dois dias uma versão Extreme de 190km.
Como ainda nunca tinha participado em nenhuma prova na vertente Maratona e tendo apenas completado meias maratonas, optei com o colega das pedaladas pela opção Extreme :)
Obviamente não foi essa a única razão que me levou a inscrever no Extreme, a verdade é que a 9ª edição foi a minha 1ª participação no LusoGalaico, e quando cheguei soube-me a pouco, além de ter apanhado engarrafamentos devido ao número de pessoas nos trilhos.
Na altura a vertente Extreme era de um dia, com cerca de 115km, e ao ler este rescaldo fiquei logo com o bichinho de no ano seguinte tentar, pois tinha dado para perceber que afinal estas provas não são apenas reservadas unicamente a prós com ideia de fazer tempos alucinantes como os de este ano (110km em pouco mais de 5h) mas também pessoas com um grande gosto pela modalidade e vontade de testar os seus limites.

E foi assim que começou um grande fim de semana :) passei a semana toda no windguru a fazer refresh na expectativa que a chuva prevista não chegaria a cair, no entanto na véspera não restavam dúvidas...ia chover no sábado :)


Sexta-feira 20 Abril
Rumo a Esposende para a entrega do saco que seria levado pela organização até Caminha no sábado com o saco de cama e tudo que ia ser preciso para o segundo dia de prova.
Briefing muito rápido onde era preciso indicar o seu número de telemóvel mais um outro a contactar em caso de emergência, e mais algumas informações sobre a prova e o desenrolar da mesma. 
Regresso a casa e deixar tudo preparado para no dia seguinte ser só equipar-se e seguir para Esposende.
O Camelback levava a cada dia:
  • 1L de GoldDrink
  • Ferramentas (mini-alicate, multi-chaves, desmontas, 1 câmara de ar anti-furos, 2 abraçadeiras, 1 cabo de mudanças, €€€ para as minis)
  • 1 bomba de ar
  • 6 Gels
  • 6 Barras energéticas
  • 1 fatia de bolo da Sogra :)
  • 2 bananas
  • 1 maça
  • e ainda levava um bidon de 800ml de GoldDrink na bike
Não cheguei a pesar o saco, porque tudo me parecia indispensável, logo não iria tirar nada :) mas o do Soares com mais ou menos a mesma coisa pesava cerca de 3kg.

Nota: fico sempre um bocado admirado quando vejo os comentários sobre a falta de qualidade das ZA, falo por mim, mas nunca vou com ideia de almoçar nas ZA, não é como se fosse passar o dia fora de casa a pedalar heheheh acho que estamos mal habituados com o Amigos da Montanha e as famosas bolas de berlim :)

Sábado 21 Abril
5h30 da manhã toca o despertador, um grande desafio se apresentou logo a mim...sair da cama!
Passado 10min lá consegui com muitos esforço levantar-me e equipar-me, tomar o pequeno almoço e esperar pelo colega Soares que para variar chegou atrasado, mas a vantagem do Extreme é que existiam várias partidas, tínhamos apontada para a das 6h30, mas acabou por ser a das 7h. Qualquer das duas iria ser debaixo de chuva se bem que miudinha na altura.
7h: GPS ligado, pulseira posta que daria livre acesso a todas as atracções e empenos a que tínhamos direito, e lá íamos nós rumo a Caminha
A primeira subida fez-se esperar e tivemos de atravessar bastante lama e a chover até lá chegar. Finalmente ao km 21, avistavam-se cerca de 400 de D+ para subir em 6km, valeu foi o nevoeiro para não termos a noção da real dureza da subida. 



Inesperadamente, perto do km40 começaram-me surgir cãibras, cada vez mais fortes ao ponto de começar a acreditar seriamente que esta aventura era pura loucura para mim e que teria de regressar mais cedo para casa...mas algumas paragens para fazer bons alongamentos, o incentivo do pessoal que ia passando, e a força de vontade em contraria os comentários de quem não acreditava que chegaria ao fim a fazer eco na cabeça, levaram-me a prosseguir viagem e ver os montes a ficarem para trás!
Chegávamos ao final da manhã e a chuva tinha sido boa companheira, tornando o piso escorregadio e cheio de lama, o que nos obrigava a aproveitar cada oportunidade para umas lavagens rápidas das bikes.
Km 56: Ponte de Lima e a primeira e única ZA, comemos tudo a que tínhamos direito, bananas, laranjas, maçãs, barras de cereais, bebidas energéticas, e seguir viagem rápida rota turística no meio da cidade à procura duma loja de bicicleta para comprar calços para os travões :)
E foi realmente a seguir ao almoço que comecei a divertir-me, o corpo respondia bem à prova (com o aparecimento do sol as cãibras tinham desaparecido), o espírito entre o pessoal era óptimo, tudo a queixar-se da dureza da prova, mas afinal não podíamos dizer que não sabíamos para o que vínhamos.


A dada altura tivemos de acelerar um pouco pois temíamos ser cortado em Covas e ser obrigados a seguir pelo track de fuga. No entanto e apesar de termos andado meio perdido com o GPS, chegamos ao dito check point.
Tínhamos então nas pernas cerca de 85km, e no estômago uma alimentação do mais saudável que há, i.e, umas 5 bananas, 5 laranjas, 3 maçãs, 10 barras de cereais, 5 gels, 1 fatia de bolo da Sogra e agua... Com ajuda da organização lá conseguir convencer o Soares que a sua indisposição e enjoo passaria com um Gel energético e que seria suficiente para terminar os 25km que nos separava de Caminha... e a verdade é que foi suficiente :)  o que já não foi suficiente foram as pilhas do GPS que acabaram a cerca de 7km da Meta, obrigando-nos a seguir o resto até Caminha pela estrada.
Caricata foi a situação de por não termos sido correctamente registados no checkpoint anterior, andava a organização a tentar ligar-nos, e aos nossos contactos de emergência, pois pensavam que nos tínhamos perdido ou mesmo que pudesse ter acontecido algo. Foi aí que percebemos que a organização estava a funcionar lindamente e a acompanhar de perto todos os participantes.

Meta em Caminha: Lavagem das bikes, em que uma mangueira foi mais do que suficiente para o pessoal :) e rumo ao balneário para um merecido banho de agua quente fria!! (e isto será a única coisa que poderei apontar à organização, se bem que já soube que para os primeiros houve água quente).
De seguida pensamos em aproveitar ir trocar os calços dos travões mas a hora de fecho do jantar obrigou-nos a deixar para o dia seguinte de manhã...
O jantar foi óptimo e penso que ninguém passou fome. Eu que nem sou de sopa fiz questão de provar :) posso dizer que não ficou nada. Foi então de estômago cheio que seguimos para o hotel pavilhão desportivo onde montamos as tendas. Pelas 22h resolvemos ir dormir pois a prova ainda ia a meio, e íamos ter que estar em forma para mais 90km. Tampões nos ouvidos, e almofada trazida de casa fizeram maravilhas para uma noite bem passada (parecia que de repente alguém tinha carregado no botão Mute do comando)


Domingo 22 Abril
6h25 com muito esforço abri os olhos e reparei que já havia muito movimentos no pavilhão, alguns já equipados e de saco pronto. Com algum esforço lá me levantei, preparei o saco e fui tomar o pequeno almoço.
Voltamos a entregar os sacos à organização e fomos rapidamente trocar os calços dos travões pois a última partida era às 8h. A troca dos mesmos ainda deu alguma luta, até que chegou alguém da organização ao pé de nós a dizer que apontou-nos como ter partido às 8h, pois já eram 8h15 :)
Finalmente prontos arrancávamos para mais um dia de btt, que pensaríamos ser menos duro que o anterior.
Desta vez os montes não se fizeram esperar e em menos de 1km já tínhamos o primeiro com cerca de 350m de D+ em 5km.


As coisas para mim, começaram a dificultar-se nos dois picos seguintes, bastante mais técnicos com calçada romana, e piso que parecia xisto já me estavam a dificultar as coisas. Se tivesse sido no inicio do dia anterior teria sido certamente diferente, mas assim, com o cansaço psicológico a mandar o corpo abrandar, já sem conseguir saber se preferia subidas ou descidas, resolvemos deixar o desafio da Serra de Arga para uma outra oportunidade. Tiramos-lhe uma foto com a promessa de cá voltar. Sofrer pela dureza do percurso é natural, mas já não estar a aproveitar, nem a divertir-se é outra e por isso, chegando a Arga de S.João comunicamos à organização a decisão que iríamos rumar direcção Viana do Castelo.
Chegado a Viana, e à primeira e última ZA do dia, seguíamos novamente pelo track rumo à meta. Faltavam cerca de 25km, que teriam sido rápidos se não fosse a quantidade de areia. Mais perto do final o percurso tornou-se bastante mais rolante, com o tradicional paralelo que abana a máquina por todo lado mas a contagem decrescente animava a alma fazendo a bicicleta andar mais rápida.


Finalmente chegávamos então a Esposende de onde tínhamos partido no dia anterior. Chegamos com sentimento de dever comprido, cansado mas com uma dose de btt que deverá saciar o vicio durante algum tempo :) 

Nos mapas abaixo é possível ver do lado esquerdo o percurso original, e à direito o que acabamos por fazer, que varia ligeiramente na primeira metade do regresso a Esposende.


Conclusão: Parabéns à organização, correu tudo lindamente, não houve nenhum engarrafamento :) A próxima edição é claramente para repetir, desta vez com mais treino para aguentar os últimos cumes. Já sei que há pessoal a querer uma prova de 3 dias, sinceramente penso que não será muito boa ideia, qualquer dia temos de tirar 1 semana de férias para ir a provas. Como por exemplo o Douro Bike Race que este ano na vertente EPIC são 4 dias.
De resto aprendendo com os erros, já apontei que da próxima vez, tenho de levar as pilhas suplentes do GPS no Camelback, bem como um conjunto de calços de travões.

Final das Contas:

Dia 1:
Total: 113 km
Tempo mov.: 9h45min
Velocidade Média: 10,5km/h
Velocidade Máxima: 42,5 km/h
Acumulado: 2424m

Dia 2:
Total: 75km
Tempo mov: 4h41min
Velocidade Média: 13,3km/h
Velocidade Máxima: 62,2 km/h
Acumulado: 1581m

Total de kcal: 8500kcal